quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Uma relação desgastada/Por Gustavo Román

Gustavo Román
Assistindo ao amistoso desta quarta feira, entre Brasil x Argentina e acompanhando os comentários via twitter de várias pesoas, acabei verificando que a seleção canarinha não desperta mais tanto o interesse ou a paixão do torcedor.


Podemos apontar algumas razões que contribuem para este afastamento. Primeiro falta de identificação do time com os residentes em nosso país, uma vez que 80% dos nossos craques jogam no exterior e quase 100% dos jogos são realizados na Europa.

Além disso, existe um descontentamento cada vez maior contra a dianstia que se instaurou na CBF, sob o comando de Ricardo Teixeira. O povo, cada vez mais dono de uma consciência social apurada, não tolera mais os amistosos caça-niqueís, a falta de transparência na gestão financeira da entidade e as acusações de corrupção que por lá pairam.

Finalmente, podemos apontar que o torcedor quer tirar sarro do rival sempre. E, portanto, é claro que ele irá preferir que o Ronaldinho Gaúcho jogue pelo Flamengo ou que Neymar atue pelo Santos do que eles joguem pela seleção. O raciocínio aqui é lógico. Sem ter um argentino, italiano ou alemão por perto para brincar, porque torcer pela equipe nacional?

Existe um longo caminho para que o Brasil possa de novo se orgulhar de ser a pátria de chuteiras e trazer o torcedor para o seu lado antes de 2014. A reconciliação, como na maioria dos casos, passa por aparar as arestas. Para reconquistar o povo, é necessário ser mais uma vez gentil e galanteador. Porém, se a relação continuar desgastada, nossos rivais é que saírão beneficiados.

Um comentário:

Cacá Gouveia disse...

O problema não é só o torcedor não se identificar com a seleção, Román. Os próprios jogadores não se identificam mais. Os atletas não têm identificação com nenhum clube, com nenhuma torcida. Desde que o futebol se profissionalizou a ponto de o passe de um cara valer milhões, as identificações e o gostos não são mais os mesmos. Sem contar os discursos pasteurizados orquestrados pelas assessorias de imprensa, que podam as provocações, o acirramento dos ânimos antes de um jogo. Há muito "respeito" ao adversário. O jogador não precisa menosprezar seu oponente, mas em seu discurso pode ir além do "vamos dar o máximo e, se Deus quiser, sair com a vitória". Toda entrevista em véspera de um jogo é essa colocação que sai. O torcedor quer saber de mais sangue no olho de quem está no campo e quando sentir isso, certamente o reflexo será o apoio maior.