sexta-feira, 21 de setembro de 2012

UMA ESTRELA BRASILEIRA NOS GRAMADOS (E FESTAS) FRANCESES/Luiz Carneiro


Hoje em dia é lugar-comum dizer que um brasileiro brilha em campos europeus. Temos Oscar no Chelsea, Thiago Silva no Paris Saint-Germain, Hernanes na Lazio, etc, etc. Mas tivemos um em especial que jogou na França em uma época que raríssimos brasileiros se aventuravam no Velho Continente. Pouco lembrado aqui no Brasil, YesoAmalfi brilhou nos campos argentinos, uruguaios e franceses (e fora dos campos também) entre os anos 40 e 50.

Campeão paulista com o São Paulo em 1946, era reserva num time fantástico que tinha um ataque formado por Luizinho, Sastre, Leônidas, Remo e Teixeirinha. Em 1948 transferiu-se para o Boca Juniors, e a partir daí, tem início uma história das mais fantásticas de um jogador de futebol fora dos campos. Na capital portenha, foi companheiro de ataque de Heleno de Freitas, tornou-se amigo de Carlos Gardel e foi recebido com flores pelo então presidente Juan Perón. Em 1949 jogou no Peñarol e em 1950 retornou ao Brasil, para jogar pelo Palmeiras.

Na temporada seguinte, mudou-se para a França, onde jogou – e brilhou como poucos – no Nice, sendo campeão já no primeiro ano em sua estada pela França. Lá, Amalfi tornou-se figurinha carimbada em festas e no Festival de Cannes. Segundo o próprio Yeso, conheceu Sophia Loren, Brigitte Bardot e Gina Lollobrigida, estrelas do cinema europeu. Entre seus admiradores, estavam Pablo Picasso, Jean Cocteau e Jean-Paul Sartre.

Um de seus maiores, digamos, companheiros das noites francesas era simplesmente o Príncipe Rainier de Mônaco, e o que se dizia à época era que “na noite francesa, Rainier era príncipe e Amalfi era o rei”. Assumidamente mulherengo, porém abstêmio, Yeso e seu conhecimento do jet-set europeu foi o responsável por conseguir que Luiz Carlos Barreto, então correspondente fotográfico, cobrisse o casamento de Rainier e Grace Kelly.

Encerrou a carreira aos 37 anos, no Olympique de Marselha. Hoje, aos 86 anos, vive em São Paulo, onde raramente acompanha futebol e em seu apartamento não existem camisas, troféus ou chuteiras. Seu maior tesouro é sua memória e as histórias de um “artista da bola”, como ficou conhecido em seus quase dez anos de futebol europeu.

Nenhum comentário: