sexta-feira, 24 de agosto de 2012

FÉLIX – ETERNO TRICAMPEÃO (1937-2012)/Por Luiz Carneiro


Dentre os onze titulares daquele time espetacular de 1970, ele foi, talvez, um dos mais criticados. Não tinha a classe de um Piazza, a liderança natural de um Carlos Alberto, não cadenciava o jogo como um Gerson, mas, criticado ou não, ele foi o titular absoluto do gol brasileiro naquela campanha.

É bem verdade que o Brasil passava por uma entressafra de goleiros excepcionais. Gilmar havia se retirado dos gramados em 1969, Manga ainda vivia sob a sombra das falhas cometidas em 1966 e jogava fora do país. Do outro lado, duas jovens revelações estavam surgindo: Ado, goleiro do Corinthians e o jovem Leão, do Palmeiras. Entre essas duas gerações estava justamente a discrição de Félix Miéli Venerando, goleiro do Fluminense.

Ele fez parte de um grupo de jogadores que só disputou aquele mundial do México: Ado, Carlos Alberto, Everaldo, Roberto, Baldocchi, Fontana, Dario e Joel. Coisas da bola... Ele jogou o Mundial que tinha que jogar. E ganhou.

Lembrando exclusivamente de Félix no México, a crítica foi duríssima com ele nos seis jogos do Brasil. Em alguns chegando a extrapolar, especialmente na semifinal, quando o ponta Cubillas marcou um gol meio de canela, meio de panturrilha e Félix estava mal colocado. A torcida brasileira também protestou veementemente durante o intervalo da final. O Brasil havia feito 1 a 0 com Pelé, e a Itália havia empatado com Boninsegna após um “apagão” do setor defensivo brasileiro: Clodoaldo perdeu a bola no meio campo e a Itália se lançou num contra-ataque fulminante que culminou com uma saída toda atrapalhada de Félix.

Mas ele também teve um jogo para se lembrar eternamente: Brasil x Inglaterra. No primeiro tempo, após um cruzamento na área brasileira, Félix saiu corajosamente numa dividida com o ponta Lee, que acabou o atingindo. Segundo o que o próprio Félix disse anos depoisem entrevistas, ele passou o primeiro tempo inteiro grogue, meio sem saber onde estava, e que, por sorte, o Brasil estava muito melhor que os ingleses naquela tarde, senão, fatalmente, perderíamos o jogo e a liderança do grupo.

Félix nos deixou nessa sexta-feira. Agora, vai disputar a posição com outras feras, como Barbosa, Yashin, Castilho... Valeu, meu querido Félix... Félix da Portuguesa, do Fluminense, do Brasil!

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